Histórias nas Paredes (Teatro de Julliano Mendes) (Portuguese Edition)

O personagem principal deste texto é um hipotético casarão colonial da cidade de Ouro Preto, receptáculo físico das histórias de centenas de pessoas que residiram ali ao longo dos séculos, memória viva. Que traz, com o perdão da redundância, sua história impressa nas paredes. Alguns casarões resistem de pé há mais de três séculos, experimentando o violento contraste de épocas, e hoje, símbolo maior da cidade que ostenta o maior conjunto arquitetônico barroco colonial do mundo, estes mesmos casarões continuam vivenciando história.O texto faz uma viagem ao longo de três séculos, apresentando uma proposta mais elaborada da dramaturgia cruzada, técnica utilizada por Julliano Mendes para compor suas histórias. A primeira história se passa no final do sec. XVII. Contrária à imagem recorrente nos filmes de época, com mulheres com leques e homens ostentando uma postura quase clássica, a vida em Ouro Preto nesse período devia ser inóspita e violenta, mais numa espécie de Serra Pelada colonial do que numa corruptela das cortes francesas do séc. XV. A segunda história é sobre três senhoras portuguesas que tivessem vindo para o Brasil anonimamente, três irmãs que representassem a saudade e a esperança, e que pudessem conferir leveza ao texto. Esta cena tangencia a história oficinal, porque estas senhoras trabalham para um dos Inconfidentes, grupo de intelectuais da época que almejavam a derrocada da coroa portuguesa. Dá-se um salto no tempo para encontrar de Irene, uma pianista que, para sobreviver, dá aulas particulares de química para alunos da Escola de Minas, que foi criada em 1876. Vinte e um anos mais tarde, Ouro Preto perde o título de capital da Província de Minas Gerais para Belo Horizonte, o que arruinou a economia na cidade.Segue-se um salto de uns 80 anos para apresentar uma república universitária. Uma república é um receptáculo de experiências íngremes, no sentido da felicidade e no sentido da solidão. Diversos meninos e meninas recém-saídos da casa paterna que se veem conduzindo a própria vida. Uma particularidade que se verá no texto é que, como tradição, todo morador da república ganha um apelido, que é como ele vai ser chamado no período dos estudos.Completando as cenas sobrepostas, apresento o casamento de Jair e Helena. Sem necessariamente uma relação temporal, embora os anos 90 o interpretem bem, me interessava falar da casa como lar, como estratificação física de uma instituição que precisa, continuamente, ser revista: o casamento. Quem casa quer o quê?

• | Author: Julliano Mendes
• | Publisher: Independently published
• | Publication Date: Feb 08, 2019
• | Number of Pages: 60 pages
• | Language: Portuguese
• | Binding: Paperback
• | ISBN-10: 1796447927
• | ISBN-13: 9781796447927